"Os jovens estudantes de hoje têm, pelo menos, dois bons motivos para lembrarem do americano Thomas Alva Edison. Em primeiro lugar, pelo fato de ter sido um aluno brilhante e o maior inventor de todos os tempos. Muitos de seus professores consideravam que ele pudesse ter uma disfunção cerebral, pois sempre queria saber o porquê de tudo e exigia explicações detalhadas do que lhe era ensinado. Em segundo lugar, pelo fato de ter inventado a lâmpada elétrica e introduzido, em 21 de outubro de 1879, a Moderna Era da Luz.
Lembro de Edison pois, com seu descobrimento, a vida das pessoas mudou bastante. Só para dar um exemplo, em 1910 dormíamos uma média de nove horas por noite e, atualmente, a média de sono é de sete horas. Hoje temos quase uma centena de canais de televisão, lojas de conveniências abertas 24 horas, festas que iniciam na madrugada, a Internet, etc. . Há uma grande tentação para não dormir em função da luz artificial . Muitas vezes, não são apenas tentações, mas necessidades, como é o caso do trabalho por turnos. Milhares de indústrias funcionam noite e dia sem parar e são, aproximadamente, 20 milhões de trabalhadores, nos Estados Unidos, que são forçados a saírem de seus ritmos naturais.
Os adolescentes, durante o período de aulas, mas principalmente nas férias, desregulam seus relógios biológicos aproveitando, às vezes, mais a noite do que o dia. Durante o ano letivo são obrigados a acordar por volta das 6 horas da manhã para irem à escola, sonolentos, cansados, irritados, tendo se deitado, muitas vezes, após a meia noite. Várias pesquisas recentes têm alertado pais e educadores para o grande problema que é a privação do sono nessa faixa etária.
A duração do sono noturno varia com a idade: as crianças dormem em média 11 horas, os adultos necessitam 7 a 8 horas e os adolescentes requerem mais do que 9 horas de sono por noite para manterem um nível de atenção ótimo. Será assim durante o ano letivo? Trabalhos científicos demonstram que esses garotos estão tendo muito pouco sono e a maior parte dele no tempo errado para seu relógio biológico. Enquanto eles “funcionam” muito bem no final da tarde e início da noite, pela manhã se “arrastam”. As conseqüências de enviar adolescentes para a escola num espaço circadiano errado pode incluir baixo rendimento, com notas ruins, irritabilidade e dificuldade de relacionamento. David Brown, do Centro de Avaliação de Sono em Manchester, N.H., num grupo de 166 estudantes, encontrou 64% acreditando que a privação do sono piorava sua performance na escola.
Os pais precisam reconhecer a importância do sono no rendimento escolar e no comportamento de seus filhos, orientando-os em relação às saídas noturnas nos dias úteis. Os estudantes precisam deixar de pensar que podem “funcionar”com poucas horas de sono ou que a irregularidade dos horários para deitar e levantar não interfere em suas vidas. Os professores precisam repensar o horário escolar, tendo em vista a dinâmica da nossa sociedade e aceitar as estatísticas onde estudantes do turno da tarde aprendem melhor que os do turno da manhã.
Se Thomas Edison alterou a relação que existia entre noite e sono ao inventar a lâmpada elétrica, esperamos que a volta às aulas traga a conscientização da necessidade de um ritmo vigília-sono adequado e regulado independentemente das luzes a nossa volta. Com isso, certamente, os estudantes terão melhor rendimento escolar."
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