Ah, viajar é sempre bom. Tá, não
seeeempre, mas na maioria das vezes é. E parte dessa maravilha é
voltar para casa. Sim, porque a gente só valoriza nossa cama e
travesseiro quando passamos um tempo dormindo em uma enorme, luxuosa
e desconfortável cama de hotel.
E nada melhor do que ser bem recebido
no aeroporto por alguém que se importa com a gente, mesmo que seja o
cara da agência de viagem.
É fácil perceber quem não tem
ninguém à espera. Eles pegam a bagagem e passam decididos pelos espectadores que aguardam ansiosamente os seus parentes queridos se
desembaraçarem das esteiras.
Quanto aos que tem alguém que irá
buscá-los, também é fácil distinguir. Quanto mais míope, mais
claro! A pessoa sai com a testa meio franzida, fazendo uma varredura
para encontrar sua carona e quando a localiza, é inevitável não
fazer uma cara de alívio, seguida de uma enorme satisfação, de
novo, mesmo que seja o cara da agência de viagem, segurando uma
plaquinha com seu nome.
Na verdade, acho que sempre quis ter
uma recepção especial no aeroporto. Em relação à plaquinha, já
tive minha oportunidade. Não foi o carinha da agência de viagem. Na
verdade, foi a família de uma amiga que gentilmente acolheram a mim
e minha parceira de concursos, em Belo Horizonte.
Não tínhamos conseguido lugar para
ficar e, por uma maravilhosa coincidência, tinha uma amiga que tinha
família lá e eles toparam nos hospedar. Como a gente não se
conhecia, eles esperaram por nós no aeroporto de Confins com nosso
nome numa folhinha de papel.
Hoje, fui buscar meu digníssimo no
aeroporto e tive oportunidade de observar algumas pessoas.
Tinha um grupo superanimado, com
camisas combinando. Também um cara com um buquê de flores
esperando. A despeito a de achar flores um presente meio furado (você
não conserva por muito tempo e pior, não é chocolate...), mas
admito que não ia fazer mal ser recebida com ramalhete de flores
depois de uma viagem.
Tenho certeza que mesmo que meu vizinho
de cadeira tivesse passado a viagem roncando, as crianças atrás de
mim tivessem passado o tempo todo chutando minha poltrona, a
comissária de bordo tivesse derramado café em mim, eu tivesse me
molhado na maldita torneira do microbanheiro da aeronave e minha mala
fosse a última a sair, diante do meu amado com um buquê de flores
(mas é mais recomendável e efetivo uma bela caixa de chocolates, ou
mesmo flores de chocolate, que tal?), pelo menos um sorriso torto ele
ia ganhar.
Ter alguém a espera também evita
saias justas. Descobrir que está sem o dinheiro do táxi, ou pior,
embarcar em um táxi pirata. É porque você chega de madrugada,
meio dormindo e não sabe bem o que está fazendo. E ai é que entra
o seu recepcionista de aeroporto. Ele vai cuidar de você.
Taí, acho que essa seria uma profissão
de futuro: recepcionista de aeroporto. Atribuições: lhe receber em
qualquer horário no aeroporto; lhe levar para o hotel ou para casa;
tornar a sua chegada mais feliz, por um preço módico.
Bom, deixe-me ir que tenho que fazer
meu cartão de visitas de Recepcionista de Viajantes. Já tenho até
o slogan: Transformando a sua chegada em boas-vindas! Que tal? Você
me contrataria? É melhor ficar com meu cartão, principalmente,
quando for chegar de madrugada e ninguém em casa quiser te buscar.
Estou falando... depois não diga que eu não avisei.
Até a próxima viagem! Digo, próximo post!