terça-feira, 25 de setembro de 2012

Eu fui: Cataratas do Niagara


Como a GarotaD disse no post passado, estou nos EUA, estudando. Estudando e passeando (óbvio) sempre que posso. A minha primeira viagem foi para as Cataratas do Niagara, no dia 16 de setembro, que fica a umas três horas de viagem de carro daqui de onde estou morando. As cataratas ficam no rio Niagara, que separa os EUA do Canadá.

É quase consenso que o termo Niagara significa, em uma língua indígena local, Thundering Waters, ou águas trovejantes. As três cachoeiras que compõem as Niagara Falls são: Horseshoe Falls, Bridal Veil Falls e American Falls. A Horseshoe tem forma de ferradura, a Bridal Veil é a menor de todas, e tanto ela quanto a American têm muitas pedras (muitos debris (piada interna)) na parte de baixo. Uma ilhazinha chamada Luna Island separa a American da Bridal Veil, e uma ilhazona chamada Goat Island separa a Bridal Veil da Horseshoe.

O parque estadual das cataratas do Niagara foi o primeiro parque estadual dos Estados Unidos. Tem várias atrações, entre elas, uma caminhada pela parte de baixo da Bridal Veil (Cave of the Winds), uma torre de observação, um passeio de barco pela parte de baixo das cataratas (Maid of the Mist), um mini-museu sobre os desfiladeiros (Niagara Gorge Discovery Center), um aquário (Aquarium of Niagara), um restaurante onde se pode observar o por do sol (Top of the Falls Restaurant), um centro de visitantes com um cinema na parte de baixo (onde passa um filme com curiosidades das cataratas) e um trolley para te levar por todos esses lugares (Niagara Scenic Trolley). Além disso, por perto, ainda se pode encontrar uma parede de escaladas, um museu de cera, uma casa de cera assombrada, o memoria de Nikola Tesla, entre outros lugares turísticos. Ah, claro, e as diversas lojinhas do parque.


Na imagem, da esquerda para a direita: Ponte para o Canadá (só dá para ver um pedacinho), torre de observação, American Fall, Luna Island (bem pequena), Bridal Veil Fall, Goat Island (a ilha grande no meio) e Horseshoe Fall. Disponível em http://www.teslasociety.com/pictures/victoria/niagara1.jpg
Agora, às curiosidades. Alguém se lembra do episódio do pica-pau em que ele vai para as Cataratas do Niagara, tenta de toda maneira descer a queda em um barril e, quando está quase conseguindo, o guarda desliga o rio?

1. Realmente, pessoas desceram as cataratas em barris. A primeira, foi uma professora de uma escola local, que projetou um barril enorme, com um colchão por dentro, entrou, e desceu o rio. E não morreu. Desde então, diversas pessoas tentaram fazer a mesma coisa. Algumas morreram, outras viveram. Algumas não sofreram nada, outras tiveram sequelas. Algumas até foram mais de uma vez. Hoje em dia, é proibido descer as cataratas de barril.

2. De fato o rio foi desligado algumas vezes (duas, acho). Na época, eles estavam sofrendo com muitas instabilidades no local. Portanto, o pessoal construiu uma barragem entre o continente americano e a Goat Island. Assim, a American Fall e a Bridal Veil Fall secaram, e o rio foi todo desviado para a Horseshoe Fall. Assim, eles conduziram estudos no terreno e chegaram à conclusão de que existia instabilidade no local, e todos tinham que aprender a conviver com isso. Além disso, disseram que muita coisa podia ser feita para remodelar o local (como retirar os debris de baixo da American Fall), mas que tudo ia custar muito dinheiro, além de introduzir uma artificialidade no local. Portanto, era melhor não fazer nada.

3. Na verdade, eles fizeram, sim, alguns trabalhos de estabilização do local. Entre esses trabalhos, colocaram uns cabos e reforçaram o solo da Luna Island, para que ela não fosse levada pelo rio com o tempo (Artificialidade 1).

4. A Horseshoe Fall tem forma de ferradura, mas ela estava se tornando um V, por conta da maior vazão de água na parte central do rio. Portanto, o povo da época fez umas construções que fecharam um pouco mais as bordas da ferradura, aumentando a vazão na parte externa, para preservar a forma de ferradura (Artificialidade 2).

5. Durante a noite, o rio tem uns 40% a mais de água que durante o dia. A explicação está na estação geração de energia hidroelétrica. Durante o dia, a estação funciona, e parte das águas é direcionada para a estação. De noite, a estação é desligada, e eles fecham as comportas que redirecionam o rio. Assim, o rio fica com água durante a noite (Artificialidade 3).

6. Uma parte de uma estação hidroelétrica (não a mesma da história acima) ficava na parte de baixo das cataratas, do lado do Canadá. Por conta de instabilidades no local, rochas do desfiladeiro cairam por cima de uma boa parte da estação, matando algumas pessoas. Eles aprenderam a lição e desativaram a estação. Hoje, funciona um museu lá, vinculado a uma universidade (canadense, acho).

7. Uma das atrações, a Cave of the Winds, passava por trás da Bridal Veil, em uma caverna que tinha sido escavada pelo vento e pela água. As pessoas podiam caminhar por lá. Por conta de instabilidades, parte do teto desabou, e, hoje em dia, não dá mais para passar pela caverna. A gente pode ficar na frente dela, por onde passa um vento muito forte, trazendo a água gelada do rio para a sua cara e os seus olhos. Pelo menos, eles te dão uma capa e uma sandaliazinha.

8. Mais uma tragédia. Nos anos 60, dois irmãos, um menino e uma menina, foram passear de barco pela parte superior do rio, com um amigo da família. Deu pau no motor do barco, que foi levado pela correnteza e virou, deixando os três à mercê da boa vontade do rio. O povo que visitava as cataratas viu as duas crianças boiando pelo rio (eles estavam de colete), e gritou por ajuda. Um guarda conseguiu salvar a menina, que vinha nadando para a margem. Já o menino, coitado, não teve a mesma sorte, e despencou rio abaixo. Detalhe: ele foi resgatado por um dos barcos de passeio (Maid of the Mist) na parte de baixo do rio, somente com poucos arranhões. A tragédia? O amigo da família, que morreu.

9. Há muito tempo atrás, uma caravana, durante o inverno, atravessou o gelo por cima do rio e foi se esconder em uma das ilhas por cima das quedas, fugindo dos índios. O inverno foi tão rigoroso que, de todos os animais que eles tinham levado, somente um bode sobreviveu. Em homenagem a ele, a ilha foi chamada de Goat Island.

10. Última curiosidade (que eu lembre). A Luna Island tem esse nome por que, em noites de lua cheia, de cima da ilha, era possível ver um arco-íris formado nas gotas d'água da cascata. Hoje em dia, por causa das iluminação das cidades ao redor, esse arco-íris noturno não é mais visível.

Infelizmente, eu ainda estou sem câmera, e não pude tirar nenhuma foto das cataratas. Se der certo, eu volto lá de novo alguma vez na vida, para tirar as fotos.

Abraços,
Correspondente Anônimo.

domingo, 16 de setembro de 2012

Por onde anda KrolVale?

Sabe quando você reclama da vida e da mesmice e torce por uma mudança repentina e que tudo vire de pernas para o ar?

Bom foi justamente o que aconteceu comigo.

Vinha em uma vida sofrida de concurseira, desde o fim da faculdade. Ou melhor, devo dizer que emendei tudo.

Ai os primeiros resultados começaram a chegar: passei em boas colocações em diversos concursos.

Mal sabia eu que a parte mais difícil ainda estava por vir: a nomeação. Porque afinal em concurso, não basta ser aprovado, tem que nomear.

A aflição da espera estava corroendo meus nervos e meu bolso, porque não fiquei deitada em berço esplêndido esperando a nomeação cair do céu.

Nessa toada, viajei boa parte do Brasil fazendo provas e estudando sempre.

Mas toda essa aventura cansa e eu tinha me dado um ultimato: se até o meio do ano de 2012, não houvesse nomeação, eu iria causar a mudança, precipitar os eventos. Estava cansada de esperar ver os frutos do meu sofrido esforço de estudante.

Bom, não posso reclamar, porque em março, um furacão se instalou na minha vida. Foi ai que desencantou a magia concursal e tudo começou a acontecer.

Fui chamada para cursar a formação de oficiais na Marinha no 1º Distrito Naval no Rio de Janeiro. De perfeitamente paisana a marcialmente militar de uma hora para outra.

Foi duro, sim, foi sofrido, sim, mas foi uma senhora experiência de vida. Conheci pessoas incríveis e passei por eventos que uma vida civil não poderia me dar. Surpreendi-me porque me adaptei muito melhor do que imaginava.

Na Marinha, aprendi a marchar, cantar todos os hinos possíveis e inimagináveis (os quais já esqueci =P), comandar um pelotão, manejar e desmontar uma arma, combater incêndios, viver em grupo e principalmente a ter espírito de corpo.

Além disso, fiz o estágio para aprender a morar sozinha. E quando falo sozinha, quero dizer longe da minha família, porque sozinha eu nunca estava. Durante a semana, ficava no alojamento e tinha a companhia das minhas excelentíssimas campanhas militares. O 3 Bravo era sem sombra de dúvidas o melhor alojamento. No final de semana, estava na casa dos meus tios.

E quando eu achava que a vida militar tinha me conquistado, tudo muda de novo.

Aprovada no concurso do TRE-CE (Tribunal Regional Eleitoral do Ceará), joguei minha farda para o alto e corri de volta para o Ceará. Vim fazer os exames para a nomeação, e enquanto isso rolava o desligamento lá na Marinha.

Quando finalmente acabaram os procedimentos, fui liberada. Bem me lembro, era dia 12 de julho. E no dia 13, fui nomeada em Cuiabá-MT em razão do concurso para o Tribunal Regional do Trabalho. E no mesmo dia 13 marcaram a minha posse em Fortaleza para o dia 16 de julho.

Ãh? O que? Oi?

Bem, diz a lenda concurseira que, quando chamam em um chamam em todos.

Esse foi um dos finais de semana mais dramáticos da minha vida. Eu tinha dois dias para decidir meu futuro.

No Ceará eu iria para o interior do interior do interior em Novo Oriente, que nunca na vida, tinha sequer ouvido falar e para trabalhar com direito eleitoral às vésperas de uma eleição municipal. Em Mato Grosso, havia bem mais opções, eu ia para um local mais desenvolvido, com melhor estrutura de vida, etc e direito do trabalho tinha sido minha sina desde o exame da Ordem. Convenci todo mundo que era melhor ir para Cuiabá.

Mas o coração ainda estava apertado. Alguma coisa não estava certa. Na segunda-feira, quando entrei em contato com o Tribunal descobri que existia uma chance grande de eu não conseguir ir para a capital. Pensei, interior por interior, fico no Ceará.

No dia 16 de julho, então, tomei posse como Analista Judiciária lotada no cartório da 99ª Zona Eleitoral formada por Novo Oriente e Quiterianópolis. 400km de Fortaleza.

Dia 17 arrumei as malas e dia 18 amanheci na minha nova cidade. E estou aqui desde então. Fui muito bem recebida. Meus colegas de trabalho são ótimos.

O que pega é a Eleição. Logo eu que nunca fui mesária, sequer sabia meu título de eleitor decorado, agora tenho que organizar uma.

No começo deu um desespero, tanta coisa em pouco tempo. Mas não faltaram pessoas dispostas a ajudar. É incrível como todos estão juntos para que tudo dê certo no final.

Enquanto isso, tive que aprender a morar sozinha. E dessa vez, sozinha só, largada às traças.

Aluguei um quarto em uma pousada. Eu, uma cama, uma tv, um ventilador e as minhas malas. Uma desolação só.

O clima me pegou de jeito. Eu que dormia toda empacotada no friozinho da cidade maravilhosa fui jogada na antessala do inferno. O tempo aqui é muito quente e muito seco. Nos primeiros dias, a garganta amanhecia seca e arranhando muito, como se estivesse com uma baita crise.

Ia para o trabalho a pé, uns bons 15 minutos pelo acostamento da estrada, de sombrinha, com o suor pingando pelo cotovelo e os pés fervendo.

As coisas começaram a melhorar quando minha mudança chegou. Correspondente Anônimo veio em meu socorro, trazendo meu carro e mil coisas enviadas pela minha amada mãe, que com seu toque mágico, transformou meu trágico quarto de pousada no meu cantinho, meu lar.

Se não bastasse toda essa confusão na minha vida, para piorar, Correspondente Anônimo ainda estava se preparando para ir para o exterior do exterior dos Estados Unidos. Essa viagem foi nossa despedida. =(

Um ano separados. Isso é triste, muito triste.

Pelo menos a eleição me distrai! =P

Bom, as coisas melhoram a partir dai. Já tinha algo que podia chamar de casa. Estava fazendo todas as refeições fora. Aqui em N.O não há muitas opções.

Cansada de tomar água, suco de caixinha e toddynhos quentes, tomei coragem e comprei meu primeiro eletrodoméstico de vergonha: uma geladeira. Um salto na minha qualidade de vida.

Agora eu podia viver feito gente. Ou quase. Quando saiu o primeiro salário, depois de pagas as contas foi a hora de mobiliar o meu lar. Comprei um micro-ondas, um jogo de jantar e agora eu podia até receber visitas na minha humilde residência.

Morar sozinha não é tão ruim. Cuidar da minha pequena casa não tem se mostrado muito difícil. Estou até conseguindo gerenciar minhas finanças. Mas chegar em casa e não ter ninguém te esperando é meio depressivo, por isso o telefone me socorre.

Voltando ao trabalho. Meus clientes, os eleitores, são, em regra, muito bons de se lidar. Muitos deles são bem humildes. E isso me colocou em situações bem inusitadas.

Certa vez chegou uma senhora me dizendo que precisava colocar o nome do marido no título eleitoral. Perguntei de novo e ela disse a mesma coisa. No final das contas, ela na verdade, queria mudar o estado civil de solteira para casado no cadastro. Ufa!

Perdi a conta de quantas vezes ouvi o pessoal me pedindo para ver se o título ainda funciona/presta, visto que passaram muito tempo sem votar.

Deve ser parecido com o que um médico recém-formado sente quanto vai consultar no interior.

Meus outros clientes são os membros das mesas receptoras de votos, comumente chamados de mesários, ah esses sim me dão trabalho. Foram 512 inicialmente convocados, 91 substituições realizadas e contando. Sete turmas de treinamento e mais uma para os faltosos.

Além disso, tratar de toda a logística das eleições, desde o que vai para seção até como vai ser feita a apuração.

A vida no interior tem muitas restrições, a principal delas é a internet. Aqui tem, mas quase faltando. Nem a do trabalho escapa. Mil anos para baixar o menor dos arquivos.

A distância também não perdoa. Para chegar os materiais também é uma eternidade. E para ir para casa são 6h30 de viagem de ônibus por estradas esburacadas.

Mas por outro lado, é bem mais fácil e barato ir à Fortaleza do que se estivesse em Cuiabá.

Outro problema é que todo mundo sabe que você é forasteira, onde você trabalha e logo também onde mora. Mas às vezes, penso se isso é de todo ruim.

As aventuras continuam por aqui. O furacão 2012 deu uma acalmada, mas estou profetizando que ainda vai sair mais uma nomeação: depois que eu passar pelo batismo de fogo das eleições, no apagar das luzes da validade do concurso, o TRT do Ceará vai mandar me buscar.

Mas por enquanto, só posso sonhar e dar cargas nas urnas!

Todo mundo votando nessas eleições, façam valer o esforço de todos os servidores que preparando tudo para a festa da democracia acontecer!

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