terça-feira, 3 de março de 2009

O que define quem eu sou?

Eu fui um daqueles adolescentes questionadores, meio polêmicos, que queria saber e discutir tudo e um dos assuntos que iam e vinham, conversando com minha tia do interior (madrinha), era: porque somos como somos? Eu olhava pros meus irmãos e constatava que mesmo tendo sido criados juntos, “iguais”, ainda assim somos muito diferentes e eu sentia quase a necessidade de descobrir por quê. Me perguntava se já existe uma predisposição genética ou psicológica, se o meio molda, reforça ou anula, se a educação recebida é determinante, se Deus quando sopra no barro já joga lá uma alma com determinadas características, porque que as pessoas reagem diferentemente às mesmas experiências etc. Minha tia, na sua sabedoria de vida, gostava de dizer: “Aluízio, nós nascemos um tipo de madeira. Você pode trabalhá-la e dar-lhe uma forma, utilidade, polimento, brilho, verniz, mas a madeira da qual você é feito não muda”. Ela estava querendo dizer alegoricamente que a gente traz uma índole e certas características e que é em cima delas que você pode trabalhar. Eu não concordava com essa teoria, achava determinista. Na realidade eu não GOSTAVA dela. Vai que eu acreditava que eu era uma madeira fraca?
Ao longo dos anos várias teorias se desenvolveram na minha cabeça e, lógico, são só despretensiosas divagações. Advirto logo a quem for ler esse post até o final que o que vou fazer aqui é só detalhar as teorias do imaginativo narrador que vos escreve. Nada foi pesquisado nem tem respaldo científico. Faço parte da comunidade do Orkut “minha imaginação é foda!” ;-)

1) Reencarnação: às vezes quero crer que Deus, onipotente, na criação do seu “game”, deve ter pensado assim: “vou criar seres e colocá-los no mundo para viverem diversas situações. O objetivo final é o aperfeiçoamento. Aquele que, ao se deparar com as situações (boas ou ruins) ao longo da vida, não aproveitar essas oportunidades para evoluir espiritualmente, desenvolvendo a compaixão, bondade, altruísmo etc., volta pro começo do jogo”. Partindo desse pressuposto, o que sou hoje é fruto das diversas etapas que venho atravessando rumo à iluminação. Pensando assim, estaria explicado porque que determinadas pessoas são totalmente against all odds.

PS: já faz um certo tempo que rejeito a idéia cristã de inferno. Me soa muito louco que o ser todo poderoso crie seres imperfeitos, fracos, ou seja, humanos, resolva pô-los à prova (nascer miserável na África, vítima de exploração etc.) e, em caso de “reprovação”, condene-os a um castigo eterno. Acho mais coerente (tipo assim: se eu fosse Deus...) imaginar que existe o livre arbítrio e, se você optar por ser mau, ok, se prepare pra lá na frente ter que desatar mais um nó que você mesmo deu. Para aqueles que resolveram ser melhores mesmo sem estímulos externos, por pura auto-superação, que optam pelo bem etc., estes irão encontrar a paz interior e a “salvação” (GAME OVER: YOU WIN!). Se bem que isso me leva pra pergunta inicial: o que leva alguém a ter essa motivação? Ai, ai, ai!!!

2) Gestação: dizem que todas as emoções sentidas pela mãe se refletem (e são sentidas) no bebê que está crescendo dentro dela. Então, aquele ser em formação, que não sabe elaborar as diferentes emoções que sente, vai só acumulando em sua memória as sensações ao se deparar com medo, amor, susto, aceitação, rejeição, adrenalina, tristeza, alegria etc., e talvez aí já vá se formando sua personalidade. Acho razoável. Já conheci bebês calmos, que riem e dormem com facilidade e outros chatos, chorões, zangados, histéricos, tudo isso logo nos primeiros dias de vida.

3) Genética: será que da mesma forma que herdamos (não só dos pais, mas de outros ancestrais) características físicas, também não pode vir no nosso corpo uma memória genética? Isso explicaria porque algumas pessoas têm “flashes” de outras vidas ou acham que já conhecem um lugar mesmo sem nunca ter ido lá antes. Da mesma forma também podemos ter herdado a raiva, a facilidade pra idiomas e uma infinidade de características, tudo isso via DNA. O parafuso que dá no meu juízo quando imagino essa teoria é: se nossas características comportamentais e/ou psicológicas vêm de nossos antecessores, quais eram as características do “primeiro ser”? (tecla F1, me ajuda GarotaD!!!!)

4) Educação + Meio: sou o resultado do que vi e vivi com meus pais + irmãos + experiências na rua + experiências na escola e por aí vai. Não concordo muito com essa teoria. Acho, sim, que esses fatores influenciam, mas eles incidem sobre um material já formado, entende? A surra, os apelidos, o ensinamento dos bons modos etc. podem ser recebidos de diversas maneiras, dependendo daquela personalidade que julgo pré-existente pelos motivos 1), 2) ou 3). Como dizia minha madrinha, elas vão ajudar a alterar a forma e a aparência, mas não a madeira em si.

Até a próxima. Beijos e abraços!
PS: falei em reencarnação, mas não sou espírita. O motivo 1) foi simplesmente imaginado.

3 comentários:

  1. Acredito em 2 e 3. Acredito que 4 contribui não para o que sou, mas para a imagem do que sou. O problema é que ainda confundo a imagem do que sou com o que realmente sou.

    Ah, adorei a imagem que você escolheu para o post.

    ResponderExcluir
  2. "Acredito em 2 e 3. Acredito que 4 contribui não para o que sou, mas para a imagem do que sou. O problema é que ainda confundo a imagem do que sou com o que realmente sou.
    Ah, adorei a imagem que você escolheu para o post."
    'Caradepaumente', copiei tudo o q a Raquel disse pq concordo com TUDO.
    E não havia imagem melhor para ilustrar o txt.
    Abração.
    Israel

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  3. O autor do texto traz muitas dúvidas e quase nenhuma certeza, tal como costuma acontecer com as pessoas que não aceitam com facilidade as "verdades" postas e as questionam diuturnamente. Identifico-me, especialmente, com o "P.S.". Pensar o que nos faz seres bons ou ruins é atordoador. Não existe resposta fácil. Talvez sequer exista uma resposta, mas várias.

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