quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Crônica Da Língua Portuguesa

Bom, apesar de ser responsável pela área de tecnologia surgiu a oportunidade de participar de uma oficina de escrita na faculdade, nosso professor pediu que fizéssemos uma pequena redação falando sobre a nossa língua pátria. Como, ultimamente ando na minha fase cronista resolvi brincar com isso, o resultado vocês conferem abaixo, acredito que muitos irão se identificar:

Bom, apesar de ser responsável pela área de tecnologia, surgiu a oportunidade de participar de uma oficina de escrita na faculdade. Nosso professor pediu que fizéssemos uma pequena redação falando sobre a nossa língua pátria. Como ultimamente ando na minha fase cronista, resolvi brincar com isso. O resultado vocês conferem abaixo, acredito que muitos irão se identificar.


Ah, o Português, ódio de alguns, paixão de outros. Você não acha lindo quando aquele bebezinho pronuncia suas primeiras palavras? “Papah, caento, pen-pen” seriam palavras um tanto quanto estranhas se fossem pronunciadas corretamente por uma criança tão pequena. Já pensou no susto ao ver o seu bebê começar a dizer pai, catavento ou nariz de forma certa? Desde pequenos já somos condicionados a dizer as palavras de forma errônea, basta crescermos só um pouco para começarmos a freqüentar a escola e assim descobrirmos que o correto é estrela, ao invés de “telinha”.

E, então, começa tudo de novo. As palavras que você sabia na verdade você não sabia. Como se não bastasse o desespero de reaprender, ainda aparece um tal de dicionário, algo tão grande e com letras tão pequenas que dá medo só de ver. Igual a um filme de terror, o pesadelo vai só aumentando. De onde surgiram tantas regras, e essa terrível semântica acompanhada dessa outra que se chama sintaxe? Como é? Além de precisar saber a palavra, ainda preciso saber o tempo verbal e conjugar de forma correta? O quê? E ainda preciso conhecer a origem daquela palavra? Não é suficiente saber só o significado de Filosofia? Certo, certo... Então Filo vem do grego Philos e significa amigo; já Sofia, também do grego, se escreve Sophia e significa sabedoria. E quem foi o desgraçado que inventou tantos porquês? Não era suficiente somente um? Fico imaginando a cara de prazer que essas pessoas faziam ao criarem tantas regras e tantas dificuldades para nós meros e pobres mortais. Pouco a pouco, aquela pequena criança vai sendo tomada por mil e uma dúvidas, por diversos temores, vai adquirindo uma verdadeira aversão pela língua.

O tempo passa. Após anos e anos apavorado com a vastidão do Português, aquela jovem criança, que hoje já é um homem, conhece a Linguística e acaba por descobrir que escrever sensacional ou “cemçassionau” dá no mesmo, afinal você consegue entender o significado da palavra. Ora, se conseguimos entender qual palavra está escrita quando está faltando algumas letras, que dirá quando ela está apenas gramaticalmente incorreta. Convenhamos, é algo que enlouquece qualquer um: tanto tempo dedicado em aprender a falar e escrever certo, bonito e bem, para descobrir que essa forma de escrita se dá somente porque a elite dominante impôs dessa forma, ou seria fôrma?

Passada a fase de revolta, e agora, com a cabeça mais “aberta para novas ideias”, surge uma reforma gramatical, tornando várias palavras e regras totalmente diferentes da forma anterior.

E, então, começa tudo de novo. Ah, o Português, paixão de alguns, ódio de outros.

3 comentários:

  1. Parabéns, ótimo texto. Também sou um profissional da área de tecnologia (engenheiro) e sei como é difícil compatibilizar arte e ciência. Vamos continuar conseguindo, sem dúvida!

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  2. Bravo!!!

    Mas que o Português continua sendo lindo, continua.

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  3. Bruno, fiquei imensamente feliz por você ter se sentido a vontade para nos presentear com este texto. Eu concordo totalmente com você. Estou boicotando essa reforma gramatical desde o começo, porque se seu verdadeiro motivo for a uniformização com os demais idiomas portugueses que são igualmente únicos, aceitá-la é concordar com uma mutilação da nossa língua que por ter todas essas nuances que você falou configura sim a paixão de alguns e ódio de outros. As palavras são o meio de concretizar o que nós seres humanos temos de mais abstrato: o sentimento. É por isso que precisamos de uma infinidade delas. Também não concordo com esse excesso de formalismo e regras demais, mas trata-se apenas do objetivo prático de ter um modelo de onde começar. O que não nos impede de inovar. Lembro com muito carinho da minha amiga do coração Manu que adora inventar palavras. A minha preferida é proquizar que é a mistura de procurar com pesquisar. Nem se fale então em Guimarães Rosa e seu Grande Sertão Veredas! Parabéns! ;]

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