domingo, 18 de janeiro de 2009

Música pop

Bem, hoje é minha estréia como colaborador da Garota_D. Tendo sido deixado à vontade pra falar sobre aquilo que eu quiser/gostar, vou timidamente começar falando sobre uma das coisas que mais gosto: música e, mais precisamente de uma artista que curto há um tempão: Madonna. Ok, sei que estou meio atrasado em relação à onda, já que ela passou os últimos 5 meses em sua turnê mundial, encerrando em dezembro, tendo eu, inclusive, assistido à última apresentação, em 18.DEZ.08 no Morumbi, mas mesmo assim, ela é um dos primeiros nomes de quem me lembro quando penso nas músicas que curto ao longo de mais de uma década.

Só que pra falar sobre música (volto já pra Madonna) preciso tocar numa questão crucial acerca de outro assunto: gosto musical. Quem me conhece bem sabe o quanto eu adoro o pop/rock internacional. É a música que, via de regra, faz meu espírito vibrar. Já faz um certo tempo que eu ando me incomodando com comentários carregados do ufanismo tupiniquim que insiste em repetir o jargão chatíssimo que “a música brasileira é a melhor música do mundo” (ã-hã...) ou pior, “eu sou brasileiro, tenho que gostar é da música do meu país” como se isso conferisse ao usuário dessa frase um espécie de medalha por seu patriotismo. Fico me perguntando se a pessoa que diz isso defende a idéia de que pra quem nasceu no Zimbábue ou no Paquistão (só por exemplo, nem sei se eles fazem música lá) a melhor música do mundo pra eles tem que ser obrigatoriamente a deles. Por que se o elemento patriotismo tiver que ser determinante no gosto musical, isso invalida a primeira afirmação (de que a melhor música do mundo é a brasileira).

Queria poder postar minha foto com a expressão que eu faço quando escuto alguém dizer essas pérolas, ela certamente valeria mais do que mil palavras. Mas vou tentar resumir em algumas palavras já que a minha cara feia não vai poder aparecer aqui. Primeiro, não acho que exista uma música melhor no mundo. A melhor música é a que você gostar e ponto. Quando eu era criança, minha mãe (que só tem o ensino fundamental e não entende nada de inglês) escutava ABBA e dizia “eu não sei nem o que essas pessoas estão dizendo, só sei que é lindo!”. O mesmo ela ainda diz quando ouve Celine Dion, Whitney Houston e outras dessas vozes bonitas noutro idioma. Isso definiu claramente pra mim o que é o gosto musical: é aquilo que você ouve e lhe agrada, seja pela melodia, voz, letra, musicalidade ou o que for, não tem explicação racional. É como a comida que você se dá a chance de colocar na boca de olhos vendados, prova e diz “gostoso”, “delicioso”, “horrível” e por aí vai. Não estou aqui dizendo que a música nacional não presta, de forma alguma. Eu adoro Marisa Monte, acho sua voz perfeita e, associando seu talento ao de Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e outros parceiros meticulosamente escolhidos, ela me faz delirar. E fora a Marisa, tem um monte de coisa brasileira que eu adoro. Só que desqualificar a música estrangeira (e o pop) é, no mínimo, muita arrogância ou pretensão dos brasileiros que elevam à categoria de fenômeno nacional de shows e vendas a Banda Calipso. Pasmem!

Bom, a Madonna, né? Sim, eu sei, a voz dela pode ser até irritantemente infantil, às vezes. E as letras? Podem ser tolas, sim, às vezes. Mas minha admiração por ela vem de todo um conjunto que vou tentar explicar, por mais que não precise de explicação ;-).

1) CLIPE: ela foi uma das primeiras artistas a associar voz à imagem e a fazer do clipe o grande veiculador de seu trabalho. Em alguns casos, o clipe certamente é melhor que a própria música, mas como (dizem que) 70% de nossa percepção é visual, a loira (inteligente) tirou ótimo proveito desse dado científico.

2) CONTEMPORANEIDADE: sempre soube acompanhar as tendências musicais e culturais da sua época e, como bom vampiro, sugava de cada um o que tinha de melhor e o resultado é que ela acabava sendo uma colcha dos melhores retalhos da sua época. Sim, porque eu não acho que ela seja tão criativa assim e é perceptível que ela copia, mas ela dá o toque de Midas dela e o resultado fica mais bonito do que o original.

3) MEGASHOW: ela pode até não ter inventado o show/espetáculo, mas certamente ela é o ícone dessa arte. Quem assistiu ao emblemático Girlie Show que o diga. Além de todo o visual de cenário e roupas, ainda existe uma série de mensagens subliminares com as quais o espectador acaba se identificando: polêmicas religiosas, sexuais, críticas ao mundo como está, à política das megapotências, isso tudo enquanto ela corre de um lado pro outro com a linha streetwear da Adidas que no outro dia todo mundo corre pra comprar.

4) PETER PAN: ela acaba passando a mensagem de que idade e velhice são duas coisas diferentes e que dá sim pra ter uma atitude jovial sem ser ridícula. Não vejo ela fazendo uma pregação direta da supervalorização da juventude. O que vejo é uma artista incentivando seus fãs a se alimentarem bem, não fumar, não usar drogas, álcool, a fazerem exercício, mesmo que lá no quarto da casa dela ela não pratique aquilo que prega. E o que vejo é uma mulher de 50 anos com muito mais vitalidade e energia do que muitos jovens.

Bom, eu como fã que sou, poderia enumerar mais algumas razões pelas quais eu gosto da Madonna há quase 15 anos (até o nome dela soa como um marca, como a Coca-Cola). Existem várias razões. Se nenhuma das que enumerei te persuadiu, ponha o Confessions on a dance floor pra tocar e feche os olhos. E se não gostar, normal, não tenho aqui a pretensão de doutrinar ninguém. Cada um que ponha o dedo no pote, depois ponha na língua e, se gostar, coma. Tem coisas por aí pra todos os gostos e, como diz o meu pai, por isso que o mundo é bom. Ai vai, e o mundo é bom, pai?

Beijos e abraços a todos.


PS: queria só esclarecer que quando me refiro à musica pop internacional, não estou aqui defendendo que qualquer bobagem comercial internacional tem qualidade, não é bem isso. A questão é que existem muitos músicos/bandas como BeeGees, Queen, Mika, Linkin Park, Alanis e mais uma infinidade de coisas anos 70, 80, 90 e 2000 que eu considero muito boas e que estão classificadas com o gênero pop nos sites e lojas.

4 comentários:

  1. Olha só, o Aluízio!!!! Bem vindo ao espaço! E que estréia, hein? Adorei o post, a linguagem, e a grande sacada Peter Pan. Suzana Vieira bem que podia aprender com a Madonna.

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  2. Querido seu post foi o máximo! Arrasou total!
    (TequilaGirl)

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  3. Ai, Aluízio! Adorei, sério mesmo! Você escreve superbem! Juro que posso ouvir você falar em alguns trechos :)
    Concordo com você em gênero, número e grau, ainda mais eu que sou uma verdadeira avestruz: consumo todo tipo de música, basta que "ela faça meu espírito vibrar". Adorei essa expressão. Finalmente acho que poderei explicar porque gosto de uma música e daquela outra não. É necessário que o conjunto de notas específicas na música vibre as cordas do meu ser (filosofei). Agora " como se isso conferisse ao usuário dessa frase um espécie de medalha por seu patriotismo" foi impagável! Tomaí vocês que ficam usando falsamente essa bandeira! Pensa que eu não sei, que no escurinho do quarto, de porta trancada, de fone de ouvido você fica ouvindo Britney? What a shame!
    Bem, Aluízio, seja muito bem-vindo e parabéns pela sua estréia!

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  4. Obrigado meus amigos. Vou tentar me inspirar e escrever mais. Beijos e abraços a todos!

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