quarta-feira, 15 de abril de 2009

Expresse-se!


“Era uma vez duas irmãs que viveram juntas a vida toda. Um dia, já velhas, tiveram uma discussão e uma disse: ‘Sua ingrata! A vida inteira eu comi a casca do pão só porque você gostava do miolo!’. A outra respondeu irritada e frustrada: ’Eu não gostava do miolo, mas sempre comi porque via que você fazia questão de comer a casca!’...

Historinha boba, né? Mas ela serve pra ilustrar meu tema de hoje: sinceridade. Ou até poderia dizer melhor: fidelidade a si mesmo, honestidade. Sei que esse post vai sair meio auto-ajuda, mas eu sou igual à Negra Li, falo e não me calo, faço o bem-me-quer, eu jogo a moeda e seja o que Deus quiser...

Cada vez mais me convenço de que não adianta abrir mão de si mesmo pra ser “legal”. Depois de muito ver/fazer isso, hoje encaro como uma grande perda de tempo e de falta de honestidade (consigo e com o outro) onde alguns resultados são previsíveis: acúmulo de frustração por se reprimir, a inevitável apresentação da “conta” mais cedo ou mais tarde pro favorecido da sua renúncia, perda da própria identidade etc.

Na minha adolescência, tinha tanta necessidade de aprovação, que para me ver inserido nos grupos eu vivia concordando com as idéias deles. Isso ocasionou uma confusão/perda de identidade de tal forma que cheguei a um ponto em que tinha até dificuldade de ficar na presença de pessoas de grupos diferentes (família, escola, amigos, trabalho etc.) ao mesmo tempo, pois minha atitude poderia parecer estranha para alguns deles. Evitava essa situação, porque não dava pra trocar de máscara tão rápido. Nessa hora percebi que em alguns aspectos eu já não sabia mais quem eu era, eu só queria ser aceito. Veio a terapia e o amadurecimento e me dei conta de que naquela época perdi algumas chances de, ao me colocar honestamente, me ver inserido em relações que realmente me refletissem. Certamente pra uma criança/adolescente rejeições iriam doer, mas ao saber quem eu não era já seria meio caminho andado pra descobrir quem eu era. Demorei a encontrar minha tribo, meu gueto. Mas se experiências servem pra ensinar, aprendi.

Sei que não dá pra gente sair por aí com uma metralhadora carregada de eu-acho-que atirando pra qualquer alvo. Existe uma coisa chamada diplomacia que é altamente recomendável nas relações. O que quero dizer é que, dada a oportunidade de se expressar, se coloque, se posicione, seja você mesmo. Inevitavelmente você desagradará alguns, mas daí surgirá você. Lembrei agora do George Michael na letra de Freedom: “there’s something deep inside of me, there’s someone I forgot to be”... Sei que ele estava falando aí da homossexualidade dele, mas não deixa de ser a mesma coisa: o abandono de si mesmo pra agradar o outro.

Ok, pros que não gostam dos textos mulherzinha, parei por aqui, vou dormir. ;-) Beijos e abraços a todos!

"Existirá algo mais agradável do que ter alguém com quem falar de tudo como se estivéssemos falando conosco mesmos?"
Cícero

6 comentários:

  1. Ficou muito legal o texto Aluizio... Eu sei como é isso também... Felizmente me recuperei cedo desse problema, agora ninguem me aguenta... huahauhauhua brincando...

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  2. Arrasou, Aluízio. A Ianara uma vez me chamou a atenção com este exemplo: se vc está em uma avião, primeiro vc coloca a máscara de oxigênio em vc, depois na criança que está do lado. Só quando vc estiver protegido é que vc tem condições de verdadeiramente proteger o outro.

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  3. Excelente texto. Muito bem escrito e com conteúdo. Não vi nada de auto-ajuda no sentido pejorativo da palavra. Valeuuuu

    Sergio

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  4. Pois é, nada contra seu texto de mulherzinha, rs... Eu concordo plenamente com você, mas acho que faz parte do processo natural de amadurecimento a gente querer se enturmar e fingir algumas coisas na adolecência, bem, a gente deve se preocupar se isso se mantém por muito tempo ou se a gente faz coisas MUITO diferente do que somos para isso, rs...

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  5. Obrigado Lady, Raquel, Sergio e Cara da Locadora!

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  6. Acho que ninguém normal deixou de passar por essa fase. Eu muitas vezes procuro adotar a atitude mais politica e diplomática (salvo com Dona LadyReaper, com quem faço questão de implicar;]). Procuro pensar nas conseqüências dos meus atos e atitude a longo prazo. Eu aprendi isso muito cedo, porque quando criança eu falava tudo que me vinha à mente e não tinha nenhum coleguinha.:{ Depois notei que muitos dos meus "coleguinhas" só estavam interessados no que eu tinha a oferecer. Comecei a cortar as pessoas que eu notava que faziam isso. Procuro sempre ajudar de todas as formas os meus amigos, mas às pessoas interesseiras só dispenso a educação mínima.

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