domingo, 22 de fevereiro de 2009

Contato


Acabei de assistir pela sexta ou sétima vez o filme Contato, baseado no best seller do cientista e astrônomo Carl Seagan. Eu sou muito repetitivo. Quando gosto de um filme ou música, assisto ou ouço até a exaustão (que quase nunca chega). O que me intrigou hoje foi, do nada, me perguntar porque gosto tanto desse filme. Como não faz nem 20 minutos que desliguei a TV, resolvi sentar e tentar por em palavras.

1) Ciência x Espiritualidade: sim, eu amo esses dois temas! Eu escrevi inicialmente a palavra Religião, mas corrigi imediatamente uma vez que acredito que esta, na maioria das vezes, separa as pessoas e serve para propósitos contrários ou afastados do que um Ser Superior esperaria da sua criação, enquanto que aquela é essencial pra evolução e equilíbrio do ser humano. O filme mostra de uma forma poética que à medida que a ciência evolui, ela mesma nos dá subsídios para acreditarmos que tanta ordem no caos não poderia ser fruto do acaso. E é maravilhoso ver todas as teorias da física quântica e relativista (das quais eu sou fã, tais como curva no espaço x tempo, relatividade do tempo etc.) serem usadas para explicar a “viagem” que para os observadores da Terra nunca aconteceu. As imagens do espaço são lindas!

2) Ética x Regras do mundo: a cientista Eleanor Arroway (Jodie Foster), brilhante e persistente, toca sozinha um projeto tido pelos investidores e pelo governo como bobagem: descobrir vida fora da Terra. Quando faz sua descoberta, eis que os burocratas do governo tomam seu projeto pra si. Dentro desse tópico, o filme tem dois momentos emblemáticos: na primeira situação, o cara que nunca acreditou nela e que acaba tomando para si as glórias da descoberta e a faz parecer uma mera colaboradora, num dado momento, diante da gritante filhadaputice que ele fez, vem se desculpar pra ela argumentando que imagina o quanto ela está magoada e dizendo como ele gostaria que o mundo fosse um lugar justo, bom e correto, mas que infelizmente o mundo é aquilo que é. Ela então responde: “engraçado, eu sempre pensei que o mundo fosse aquilo que nós fazemos dele”. E na segunda situação, a cientista deixa de ser escolhida pra tripular o casulo que supostamente levará o tripulante até Vega por dizer abertamente que não acredita em Deus (o escolhido foi o mesmo filho-da-mãe do primeiro momento). Mais tarde, ela demonstra sua revolta expressando que na entrevista “falei a verdade enquanto meu adversário falou o que todo mundo gostaria de ouvir”. A constatação de que a verdade nem sempre triunfa sobre a mentira e de que a maioria das pessoas adora mesmo é uma grande e boa mentira, vide a sociedade americana.
Bom, é óbvio que eu tenho um incômodo com a hipocrisia, mas isso pode ser tema pra outro post. E no filme (diferente da vida real), o bem é recompensado e o mal é punido, mas não chega a ser clichê de forma alguma.

3) Paixão e solidão: me encanta a maneira apaixonada e a garra com que ela acredita no seu projeto, apesar de parecer absurdo. Acho que por ter nascido lascado em Fortaleza, nunca cheguei a descobrir qual era minha paixão, fui atrás de ganhar dinheiro (honestamente, hein?!), motivo pelo qual admiro gente determinada e apaixonada. E também mostra que para seguir adiante é preciso deixar certas coisas e/ou pessoas para trás, questão de escolha (essa última frase foi o meu momento Dalai Lama).

É isso, recomendo o filme, assim como o livro O Tao da Física, de Fritjof Capra, que apesar de ter uma escrita um pouco cansativa, é uma das Bíblias no tema Física e Espiritualidade.
Beijos e abraços a todos os meus milhares de leitores. ;-)

2 comentários:

  1. Conheci Carl Sagan meio por acaso. Um título de um dos livros dele me chamou atenção: O mundo assombrado por demônio. Não agüentei de curiosidade. Comprei por impulso e não me arrependi. Se não me engano, os demônios que assombram o mundo são as pseudociências e invencionices que convencem tantos de tanta coisa. Devorei o livro inteiro em pouco tempo.
    Sobre o filme Contato, vou assistir novamente, agora atenta para os detalhes ressaltados por você, Aluízio!
    Beijos! Estou com saudade! Vou acertar meus ponteiro e aparecer!

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  2. O filme nem fedia nem cheirava pra mim, mas agora até que deu vontade de ver de novo.

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