terça-feira, 5 de abril de 2011

Deus é ruim?

Acabei de chegar da lavanderia. Fui pegar umas roupas e, enquanto esperava a senhora pegar meu troco, avistei uma revista Caras onde na capa a cantora Ivete Sangalo (eca!) dizia “Deus é muito bom comigo”. Ouço com muita freqüência as pessoas dizerem isso. Pelo menos aqui no Ceará essa afirmação é muito comum, e claro, sempre em situações onde a pessoa que diz isso se beneficiou de alguma maneira ou “alcançou alguma graça”. Só que há muito tempo, toda vez que ouço essa frase tenho vontade de perguntar pra pessoa “ele só é bom porque fez uma coisa boa pra você?”. Será que se duas meninas são injustamente assassinadas, acontece um tsunami no Japão, eu for atropelado, alguém que você ama morrer, Deus é ruim? Não sou religioso, mas me considero espiritualizado, e a concepção que tenho da vida e da criação de Deus é de um todo interligado. A sensação que tenho é que tudo afeta direta ou indiretamente ao outro e o que podemos tirar dos acontecimentos é o nosso crescimento e aperfeiçoamento espiritual. O mal que acontece a um pode servir pra modificar, conscientizar, sensibilizar outros. Não dá pra querer encontrar uma explicação direta pra tudo, mas acho que as coisas acontecem, sim, com um propósito. Lógico que ficamos tristes, frustrados, com raiva, quando algo de ruim nos atinge, perfeitamente normal, mas daí a achar que Deus não é bom nessas horas, na minha opinião, é uma visão meio infantil ou egoísta de Deus ou de religião. Easy to say, hard to do, mas quando algo que não queríamos nos acontece devemos procurar aprender alguma coisa com isso, ver onde erramos ou contribuímos, ou se não fizemos nada pra que aquilo acontecesse, devemos tentar exercitar a aceitação e a resignação.

Talvez essa visão seja resultado de uma religião mal ensinada (ou mal compreendida) na qual se deu a entender que existe um sistema direto de atos e recompensas onde os bons são premiados e os maus são punidos. Não, não. Gente ruim também se dá bem e gente boa se estrepa feio, só que isso não é motivo para deixarmos de ser bons. Aliás, coisa duvidosa é a bondade de quem pensa dessa forma. Explico: se não existisse a crença no castigo e no inferno, essas pessoas se absteriam de matar, sacanear, roubar, trair e fariam o bem ao outro? Porque se se faz o bem motivado pelo prêmio celestial, estamos fazendo o bem pensando em nós mesmos, não no próximo.

Bom, não queria dar um viés Dalai Lama a esse post. Por favor, não interprete como se eu me julgasse um ser iluminado ou superior que pudesse dar lições de bondade aos outros, de forma alguma. Só queria chamar a atenção de que às vezes a frase “Deus é muito bom pra mim” me soa um pouco injusta. Ele é bom pra todos e sempre.

Beijos e abraços!

PS: ainda reluto em escrever ideia sem acento.

PS2: minha ideia de Deus há muito não é mais a do velhinho de barba branca, olhos azuis, sentado num trono. Abandonei as alegorias, elas me levavam a uma tentativa de relação humana com Ele, na qual eu podia negociar. Imagino-O com um ser superior, uma energia positiva, provavelmente amor puro, que rege todos os acontecimentos de uma maneira difícil de ser compreendida, mas que tem como propósito o nosso bem. Agradeço-O todos os dias por tudo aquilo que tenho e verdadeiramente acredito que tudo acontece com um sentido.

5 comentários:

  1. Correspondente Anônimo6 de abril de 2011 às 08:19

    "Deus [...] velhinho de barba branca, olhos azuis, sentado num trono". Ponha o raio na mão. Isso é Zeus, não Deus.

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  2. Correspondente Anônimo7 de abril de 2011 às 07:49

    Só to dizendo que a imagem que muita gente tem como sendo a de Deus é na verdade a de Zeus.

    Sim Zeus era um deus, mas Deus não é Zeus.

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  3. Deus é dois pesos duas medidas, é covarde e sádico. Cria as "criaturas" para submetê-las a tormentos dos mais escabrosos e fica lá de longe provavelmente se deleitando do seu poder...

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