domingo, 13 de setembro de 2009

E a impunidade chega às novelas...


É quase uma máxima imutável que a arte imita a vida, mas eu não queria que isso acontecesse de forma tão extrema. Uma boa noveleira se envolve com os mocinhos e detesta com toda a força os vilões e se revolta quando eles conseguem realizar suas astúcias malignas. O único conforto é (ou era...) saber que no final da novela, das duas uma: ou o vilão se redime ou é punido por suas maldades. Bons tempos quando ainda era sim, mas hoje, a impunidade, um mal que assola o Brasil é também retratado nas telas, e isso me deixa triste, muito triste, porque fica aquela sensação de que nada mais tem jeito, nem bandido de novela....


Foi isso que aconteceu no final de "Caminho das Índias" nesta última sexta, dia 11 de setembro. Surya (Cléo Pires) que passou a novela inteira azucrinando a pobre da Maya (Juliana Paes) terminou tranquila, sua única decepção foi não ter podido dar um filho homem a seu marido. Ô que peninha! Chore aqui no meu ombro que é lugar quente! A trouxa da Maya sendo escurraçada de casa, nem para arrancar a barriga falsa num típico 'eu caio, mas não vou sozinha', mas espera, eu me esqueço que os personagens nas novelas são assim: ou são bons ou são ruins, não existe uma área intermediária. Ou seja, Maya não sentiu esse sentimento mesquinho de aprovetar que a casa estava desabando sobre ela e levar a outra no embalo... Tudo bem, não vamos envolver Maya na história, mas bem que Amitab poderia ter descoberto de outra forma. Surya merecia ser punida e "de com força"! Não foi dessa vez.


Yvone, por sua vez, (maldita!) enganou mais um besta que achou que uma mulher daquela daria bola para ele em outra situação que não fosse na prisão e fugiu livre e serelepe para aplicar novos golpes. Tudo bem que ela é psicopata e o escambal, mas se ela foi pega, por mais difícil que seja pegar um psicopata, ela devia ser punida (Menos mal que ela levou uns boas surras!). Mas não, o bando de policiais babões olhava para carinha de santa dela e dizia: "ela não fez isso não! A bichinha. Vem aqui pro colo do papai, vem". Ah sai pra lá! Me poupe, com isso me lembro das aulas de criminologia e até já comentei aqui no blog: tem menos mulheres presas no Brasil porque elas são mais difíceis de pegar. Fazem as autoridades pensarem com a cabeça de baixo e ai já viu... Mas acho a revolta ainda é maior porque Silvia é uma tonta cega que não percebeu nada e não teve nenhuma outra amiga de verdade para dar um sacode nela e fazê-la cair na real. Eu hein... Minha filha compre um olho grego e tome um banho de sal grosso!
Bom, desabafei a minha insatisfação.
Quanto a Zeca Bandido, tudo bem que ele se "redimiu" (em termos), menos mal, mas que ele merecia ter provado do próprio remédio, merecia, ou ficar paraplégico em uma acidente ou morrer, não sei, fica à escolha do freguês.
Bom, esse assunto fica em standby até o final da próxima novela! Agora de volta aos estudos!

3 comentários:

  1. Karol, ri muito aqui sozinho lendo esse teu post!!! É muito engraçado como o que a gente vê tem tudo a ver com o que a gente é. Explico: a visão feminina da própria mulher. Eu nunca vi a novela, nem um capítulo sequer, mas às vezes jantando ou sentado no sofá com minha mãe, acabava assistindo um pedaço e sempre que eu via a Letícia Sabatela, a única coisa que me vinha à cabeça era "que mulher linda!". E também gosto muito da Cléo Pires, muito.
    Quanto aos finais de novela, discordo de você. Acho que esse tipo de final de novela acaba quebrando essa idéia católica equivocada de que quem é bonzinho é recompensado e quem é mau acaba sendo punido. Life isn't that fair! Frequentemente gente boa se ferra e gente escrota se dá muito bem e a novela mostrar isso tanto serve pra quebrar essa ilusão como reforça (ou pelo menos deveria) que nossa motivação pra ser bom não deve ser a recompensa final, mas sim o fato de agir conforme as próprias convicções e valores.
    Mesmo assim adorei o texto ;-) Senti toda sua fúria e indignação, ha, ha!!!
    Beijão!

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  2. Aceito a mudança de enredo e tenho a plena consciência de que a ideia de que o bonzinho sempre se dá bem e que the bad guy deve sofrer é ultrapassada. O que me motivou a escrever o post é que esse reflexo exagerado da realidade de que vemos nas novelas às vezes me faz pensar que nada tem mais jeito, nem bandido de novela. Dentro do Direito, muitas vezes nós nos desencantamos em face da impotência para resolver injustiças. O que estou destacando é que na novela, você, até um tempo atrás podia esperar que no final (além dos casamentos coletivos, e gravidezes simultâneas), os vilões se redimissem ou fosse punidos. No caso específico de Yvone, o final foi totalmente plausível, mas quem está de fora, tem o impulso de gritar para tela: "Seu idiota! Ela vai te ferrar!". É isso que estou reclamando. A novela para mim é uma oportunidade de encarar uma dimensão de realidade controlada (pelo autor) que pode definir o final, o que não é possível na vida real, então, para fins de entretenimento, quero essa diferenciação. Não quero ver uma nova edição do jornal. Nesse momento de alienação voluntária, eu ligo a tv e digo: iluda-me. É uma fuga da realidade. Entendam como quiser. Na vida real, estou buscando fazer a minha parte para que the bad guy se ferre, não por recompensa, mas uma convicção pessoal de que estar fazendo o certo. O Correspondente Anônimo há de concordar comigo que não estou muito preocupada com minha salvação. Tenho inclusive me tornado intolerante (de modo muito exagerado às vezes) com pessoas que agem injustamente ou contra a norma estabelecida. Ainda bem que acabou a novela. Volto à vida real e sua crueza. Não se surpreendam se daqui a pouco eu me torne adepta do direito penal do inimigo.
    Beijos!

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  3. Tá, vim aqui só para avisar que o podcast ficou pronto e queremos sua opinião...

    Abraços...

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