segunda-feira, 6 de julho de 2009

Senhoras e senhores, vamos aplaudir Stefhany!


















Para aqueles que não sabem, trabalho na típica “repartição pública”. Lá não tem divisórias e basta alguém perguntar num tom um pouco mais alto “vocês viram ontem não-sei-o-quê na TV?” aí a conversa vira debate público e às vezes até terapia de grupo quando o que vem à baila é o problema particular de um dos presentes. Pois bem, há umas duas semanas alguém lançou o mote da tarde, perguntando: “vocês viram que a Stefhany ganhou um crossfox no caldeirão do Huck?”

Eu fiquei sabendo da Stefhany (assim mesmo, com agás e ípisilons) porque um dia a Raquel nos brindou com o maravilhoso clipe do crossfox. Foi um deleite unânime. Logo se percebeu que ali nascia uma nova Beyoncé. Como resistir à beleza das locações do clipe, à bela legião de fãs enlouquecida, à voz e ao visual de diva e principalmente à letra e arranjos da música? Difícil...

Ai, meu Deus! Eu quero ir embora!!! Vou cometer um crime político e pedir asilo na França. Na hora daquela discussão me dei conta de que existe, sim, no brasileiro (não sei se no resto do mundo é diferente) um prazer pelo ridículo ao ponto de elevá-lo à categoria de célebre. O povo acha qualquer macaquice interessante e divertida e tem um verdadeiro prazer em ver publicamente situações que normalmente deveriam causar vergonha. E parece que o mais importante pra mídia não é talento, é chamar a atenção seja de que forma for. Se uma desconhecida apareceu sem calcinha ao lado de uma figura pública, amanhã ela estará em todas as revistas, dará entrevistas nas páginas amarelas da Veja e, quem sabe, será convidada para ter seu próprio programa na TV e por aí vai.

Às vezes eu vou pra barzinhos aqui em Fortaleza e vejo tanta gente talentosa, mas que provavelmente nunca vai ter chance e acho que pelo resto do país não deve ser diferente... Só pra exemplificar, alguém lembra aí da cantora Patrícia Marx, ex-integrante do grupo mirim Trem da Alegria? Ela tem uma voz privilegiada, é bonita, mas por alguma razão, depois de adulta, embora tenha gravado um ou dois bons cd’s, nunca mais emplacou. E como ela existem muitos. Talento não é garantia. Acho que faltou a Patrícia gravar um clipe com orçamento de R$ 100,00 na laje de seu cafofo numa favela piauiense. Se bem que acho que ainda assim não teria repercussão pro povo, porque faltaria o visual “caboca-jupira-catiroba-sem-noção”. Não tem jeito, a negrada gosta mesmo é do freak show. Taí o Faustão e o Gugu que não me deixam mentir.

Bom, não vou esticar muito esse post. Tô só aumentando a estatística dela no Google. Na verdade o que me motivou a falar dela foi uma coincidência mórbida: eu falei a respeito do Michael Jackson aqui no blog e infelizmente algumas semanas depois ele morreu... ;-)

Beijos e abraços a todos!

3 comentários:

  1. Ai ai, já tinha visto essa marmota há algum tempo... inclusive outro cara que quis pegar carona no sucesso (?) de Stefhany (é assim? ô nome difícil...)com Rolls Royce (procura no Youtube). Além do natural deleite por freaks e coisas bizarras que a maioria dos seres humanos têm, ainda tem um agravante: um costume cultivados pelos programas populares como Faustão, Gugu e Silvio Santos em mostrar as "inocentes" vídeo cassetadas ou "vídeos engraçados" para o público rir literalmente da desgraça alheia. Sem falar que há um outro fator: as pessoas adoram fofoca (nem vem com "eu? imagina... que não cola), gostam de saber da vida dos outros e se meter nela. Quem nunca vi alguém falando de um artista como quem fala de um vizinho? Reclama do personagem de novela como se fosse filho, pai, tio, sobrinho? Aqui no Brasil a linha entre a realidade e a fantasia televisiva é muito tênue. Agrava ainda mais essa situação a revolução digital e o maldito/bendito youtube que permite que tudo e todos cheguem à rede e caiam na boca do povo. Stefhany foi uma dessas 'celebridades' fastfood forjada pela população. Vivemos na era dos page rankings, um ciclo vicioso: o que é muito procurado é muito visto e o que é muito visto é muito procurado. Ai, alguém te falou de um vídeo tal, você vê e manda um email para sua lista de contatos e assim vai: da noite para o dia um zé ninguém consegue seus 10 min de fama (tempo dos vídeos no youtube...) e depois é suplantado por outra 'celebridade' e assim por diante, ai dali a um tempo, aparece na famosa lista : coisas que você não pode deixar de ver no youtube...
    Espero que ela tenha sucesso nessa carreira... porque se decidir virar uma mulher séria, esse vídeo será um fantasma que a assombrará até o fim da vida.

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  2. Se ela falecer misteriosamente daqui a alguns dias, começaremos a aceitar encomendas, hein... afê, que horror...
    Que fique bem claro que será mera coincidência. Isso aqui não é nenhum Deathnote digital.

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  3. Morri de rir do último parágrafo.

    É, infelizmente o Brasil dá audiência para mau gosto.

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