quinta-feira, 8 de julho de 2010

Just dance!


Lendo o post Atletas da arte no blog do Márden, me veio a idéia de falar sobre a dança de salão. Mas não vou perder tempo falando da história, dos ritmos etc., porque isso você encontra em qualquer lugar, quero dar o meu depoimento do que a dança fez por mim.

Em janeiro de 2009, eu e Correspondente Anônimo começamos a freqüentar (eu tento, mas não consigo escrever sem trema...) as aulas de dança de salão ofertadas pela nossa academia junto com o bom e sem-futuro plano semestral. Eu comecei com duas semanas de atraso e já peguei o carro andando.

Primeira dificuldade: não desistir diante de um mundo de dificuldades. Meus membros pareciam que estavam todos brigados, não conseguia coordenar os passos, e quando conseguia, perdia o tempo da música.. era frustração por cima de frustração. Os olhos enchiam de água, sem falar das vezes que dava aquela vontade de sair correndo da sala e ir chorar e gritar em algum lugar escondido com o que me restava de dignidade.

Segunda dificuldade: assumir os próprios erros. Pobre do C.A. que teve (acho que ainda tem, às vezes ;P) que me agüentar fazendo caras malvadas quando ele 'errava' (ou seja, quando os meus dois pés esquerdos atrapalhavam a coreografia). Depois passei a partir do pressuposto de que eu sempre errava, as coisas começaram a progredir.

Terceira dificuldade: ciúmes! Apesar de termos praticamente nascido namorando, tinha ciúmes viscerais de C.A. Só que na aula de dança, transbordam meninas e meninos são artigos de luxo. A egoísta aqui teve de aprender a dividir.  No começo, ficava buscando sinais de olhares ilícitos nas minhas colegas de turma enquanto dançavam com o meu namorado. Um dia parei e vi que estava perdendo tempo com ilusões sem fundamento e que C.A. nunca pareceu ter dúvidas do que sente por mim. Ai os ciúmes foram exorcizados.

Quarta dificuldade: timidez. Já sei até a cara que você está fazendo agora. Pensa que é fácil ir até o centro da sala e dançar a bendita seqüência de passos? Ai voltam os dois pés esquerdos. OK, leve a sério, pelo menos a timidez de C.A. Hoje em dia, o moço é um verdadeiro monitor nas aulas, passa os passos para os novatos. 

Quinta dificuldade: condução masculina. Talvez devesse ter colocado essa dificuldade lá no início. Um feminismo incubado despertou-se em mim quando meus professores esclareceram que o homem deveria conduzir a dança, e nós mocinhas, deveríamos obedecer cegamente... No começo, ficava disputando com C.A. nem que fosse me antecipando um pouco, só para não dar o braço a torcer. Depois percebi que a responsabilidade ficava com eles, então relaxei.

Sexta dificuldade: comunicação não-verbal. Mais especificamente, comunicação corporal. Superado trauma da condução, tem algo que é, para mim, uma dificuldade que ainda não foi superada: saber o que o par quer, qual é o próximo passo. Um bom cavalheiro leva a dama a fazer todos os passos (ainda que não queira, segundo o meu prof.). As mãos se comunicam com as costas e indicam para que lado ir, quando girar, empurram ou puxam. Quanto menor o intervalo entre o gesto e sua decodificação, mais bonita, contínua e fluída fica a dança. Estamos trabalhando nisso.

Ai você se pergunta se vale todo esse trabalho aprender a dançar. Veja o vídeo abaixo:


Pronto, feche a boca e continue lendo. Tive a oportunidade de conhecer Jose Fernandez e Melody Celatti em um Workshop de Tango de que participei na sexta-feira passada. Os dois são argentinos, dançam juntos há cinco anos e são campeões mundiais. Só. São dois amores, poços de gentileza e humildade, que falam um espanhol corrido que nem nossa amiga colombiana conseguia entender muitas vezes. Como eu e C.A. recebemos o convite em cima da hora, não deu tempo de pesquisar nada sobre os dois. Ai fomos para a aula,  inocentes, achando que era um casal argentino normal que dançava tango, aprendemos uns passos sinistros (devidamente gravados para evitar o esquecimento certo) e depois os dois dançaram para nós pobres mortais alunos pernas de pau. Nós os adoramos. No domingo, tivemos a curiosidade de procurar alguns vídeos no youtube, já que não vimos a apresentação deles na sexta à noite por ocasião do Fendafor. Bateu uma tristeza e um despero misturado com uma admiração profunda advinda da beleza, de uma verdadeira magia que emana dos dois. Os olhos não conseguem acompanhar os passos rápidos e precisos. Os dois parecem um só ao mesmo tempo que são dois seres definidos e escandalosamente maravilhosos.
Eu quero ser assim quando crescer! Ufa! Chega! Já é amanhã e eu ainda estou aqui!

4 comentários:

  1. Correspondente Anônimo8 de julho de 2010 às 09:10

    Pois se foi difícil para você, imagina para mim... Toda aula é uma batalha contra o próprio corpo.

    É mais difícil do que realmente parece, mas depois que você pega o jeito (coisa que demora), fica melhor. A dica para quem está começando é não desistir, por que vale a pena.

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  2. Entendo todas as dificuldades, Garota_D. Embora não tenha experiência em dança de salão (costumo dizer que não sei dançar nada que é "de dois"), meus anos de balé encerram muitos episódios de frustração, seja pela dificuldade dos passos, seja pelos limites de um corpo que não tinha a "genética própria" para o balé. No flamenco, as coisas são bem mais leves, mas vez e outra também surgem obstáculos.

    O vídeo é lindo!

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  3. Tá meio rocho o blog, né? Mas o efeito tá legal. Só achei meio grande o banner lá em cima. Quando o blog começou a abrir, pensei que fosse o plano de fundo :)
    Quanto à dança, é legal conseguir algo depois de tanto esforço.
    Parabéns, super-estagiária-futura-seiláoquê-degrandesucesso.
    Bjão.

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  4. Pois é, normalmente tem frases no header, nesse caso específico eu ia colocar uma música inteira, mas ocorreram uns problemas de blogstrutura e ficou um negócio megalomaníaco e despropositado. Mas vou dar um jeito em breve, acho!
    Valeu pela visita e desejos de sucesso!
    Bjs.

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